Publicada em 28/10/2010 às 19h13m
O GloboAgências internacionaisEram 9h15m de quarta-feira quando os médicos se deram por vencidos: Néstor Kichner estava morto. Ainda incrédula, Cristina Fernandez Kirchner, rompeu em lágrimas, molhando o piso de granito cinza do pequeno hospital José Formenti, em El Calafate, sul do país. Acompanhada apenas de seus secretários particulares, Isidro Bounine e Pablo Barreiro, ela permaneceu em silêncio, enquanto as portas giratórias da sala de emergência se abriam e fechavam violentamente ( Fotogaleria: A dor de Cristina no velório de Néstor Kirchner ).
Segundo reportagem do jornal 'La Nación', atordoados, os funcionários da clínica tentaram, por mais de uma hora, reanimar o político mais influente da Argentina. E Cristina esteve ao seu lado o tempo todo. Néstor Kirchner se sentiu mal minutos após se levantar, pouco antes das 8h, e desmaiou. Começou a receber as primeiras atenções da mulher e de dois assessores da Presidência ainda em casa. Às 8h05m, uma ambulância chegou ao local e os médicos diagnosticaram uma parada cardiorrespiratória.
O primeiro a falar com Cristina, ainda em choque, foi o empresário Lazaro Baez, que chegou ao hospital minutos depois. Amigo do casal, ele a segurou, abraçou e colocou num carro, levando-a para longe dali. O filho do casal, Máximo, que já avisado da internação do pai, seguia, nesse momento, para o local, vindo da vizinha Río Gallegos ( Homenagens a Néstor Kirchner ).
O adeus de Cristina a Néstor Kirchner:
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- Ela estava inteira - dizem os poucos que estiveram com Cristina logo após a morte do companheiro de toda vida.
O corpo do ex-presidente foi velado por cerca de 12 horas, em casa, antes de ser levado para a Casa Rosada, onde aconteceria o adeus final.
Às 22h30m, Cristina pediu que todos deixassem a residência de Los Sauces. Aos poucos, os ministros começaram a sair da casa, deixando a presidente a sós com a família. Apenas na companhia da mãe, Ofelia Wilhelm, da irmã Giselle, da Ministra do Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, e de seu filho Max, ela ainda tentava recuperar o ar. Tranquila, pediu que Max acompanhasse o corpo do pai. Ela pegou então suas coisas e se dirigiu ao aeroporto. A casa ficou vazia.
Ouça o comentário da correspondente Janaína Figueiredo:
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Vestida de preto, desceu rapidamente do veículo oficial. Sem tirar os óculos escuros, permaneceu de pé e colocou a mão sobre o caixão do marido.
A presidente permaneceu sem chorar a maior parte do tempo. Mas não conteve a emoção em alguns momentos, quando populares passavam diante do caixão e gritavam palavras de força para ela. Nessas horas, ela soluçava e apoiava a cabeça no ombro da filha.
Em vários momentos, Cristina recebeu apoio de amigos e políticos. Ela foi abraçada pela líder da organização humanitária Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, e pela chefe das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, ambas aliadas do casal. Também prestaram suas homenagens vários chefes de estado. Já estão em Buenos Aires os presidentes Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e José Mujica (Uruguai). E estão a caminho Sebastián Piñera (Chile), Juan Manuel Santos (Colômbia), Fernando Lugo (Paraguai) e Hugo Chávez (Venezuela). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou sua viagem e deve chegar Buenos Aires no início da noite.
O corpo do ex-presidente será velado até as 10h de sexta-feira (11h, Brasília), quando será levado para Río Gallegos, no sul do país, para ser sepultado no mesmo dia, como informa o jornal local "Clarín". Segundo o chefe de gabinete da província de Santa Cruz, Pablo González, o corpo chegará uma hora depois ao aeroporto e será levado para o cemitério em uma caravana. Um porta-voz da Presidência diz que o enterro será uma cerimônia íntima.
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