ROUSSEFF E KIRCHNER
Presidentes assinam acordos sobre energia
1/2/2011
As presidentes do Brasil e da Argentina reafirmaram a proximidade política entre os dois paísesBuenos Aires. No primeiro encontro oficial das presidentes brasileira, Dilma Rousseff, e Cristina Kirchner, foram assinados acordos na área de bio-energia, incluindo biocombustíveis, na massificação do acesso à internet em banda larga e a construção de uma ponte internacional sobre o rio Peperi-Guaçu entre as cidades de San Pedro (Argentina) e Paraíso (Brasil). O crescimento, aliado à inclusão social dos povos dos países latino-americanos, marcou o discurso de ambas.
Dilma e Cristina também assinaram acordos de integração bilateral, entre os quais o de criação conjunta de um reator nuclear multipropósito para pesquisa científica. O intercâmbio de energia elétrica, programas especiais de moradias populares e uma comissão para que os dois países vendam, de forma conjunta, produtos no resto do mundo foram fechados.
Igualdade de gênero
As duas únicas mulheres que presidem países na América do Sul decidiram assinar declaração conjunta para a promoção da igualdade de gênero e proteção dos direitos das mulheres.
As presidentes reafirmaram a proximidade entre Brasil e Argentina. Cristina lembrou o caminho trilhado pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (falecido em 2010) para aprofundar as relações bilaterais. Agora, acrescentou, elas darão continuidade a essas ações.
Segundo Cristina, candidata à reeleição em outubro, Néstor Kirchner e Lula relançaram o Mercosul e melhoraram a relação entre os dois países. Cristina disse que Dilma teve consciência histórica, ao escolher a Argentina como primeiro país que visitou.
Dilma afirmou que os acordos assinados reforçam os vínculos já existentes e que a cooperação vai beneficiar o Brasil e a Argentina. "Abrimos um caminho de cooperação para beneficiar as economias argentina e brasileira, a fim de criar uma integração de plataformas produtivas e de construir cada vez mais o bem-estar de nossos países", disse a presidente.
Cautela
A permanência de Dilma na Argentina, em sua primeira viagem oficial no cargo, durou seis horas e trinta minutos. Acompanhada de oito ministros do Brasil, foi cautelosa até mesmo na parte "emocional" da agenda.
Numa rápida conversa com jornalistas, pouco antes do retorno ao Brasil, Dilma propôs responder duas perguntas e acabou aceitando responder uma terceira sobre temas internacionais. Evitou, assim, questões sobre a agenda política brasileira.
Ao final de uma declaração conjunta ao lado de Cristina, Dilma segurou o choro, mas deixou escapar a emoção ao defender a parceria cultural e econômica entre Brasil e Argentina. Ela disse que os dois países devem fortalecer parcerias em educação, cultura e comércio.
"Este é um momento especial para dois grandes países de sociedades desenvolvidas que foram capazes de eleger duas mulheres presidentes", afirmou Dilma. "Este é o primeiro de muitos encontros, e como é o primeiro, estamos um pouco emocionadas", admitiu a petista.
Século XXI
Dilma afirmou que a parceria entre Brasília e Buenos Aires pode beneficiar os demais países da América Latina. "Considero que Argentina e Brasil são cruciais para que possamos transformar o século XXI no século da América Latina".
DIREITOS HUMANOS
Dilma conversa com vítimas da ditadura
Buenos Aires. Com a visita à Argentina, a presidente Dilma Rousseff começa o circuito do Mercosul que nos próximos meses inclui o Paraguai e Uruguai. Durante a viagem de ontem, ela se encontrou com as mães e avós da Praça de Maio, associação criada há 30 anos, durante a ditadura militar argentina (1976-1983).
A presidente da Associação das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, disse que teria uma conversa "de mulher para mulher" com a brasileira para compartilhar com ela as experiências da luta contra a ditadura militar.
As duas se encontraram na tarde de ontem, na Casa Rosada, sede do governo argentino. Além da representante das Avós da Praça de Maio, também participou da conversa a representante da Associação das Mães da Praça de Maio.
Histórias de vida
O grupo de mulheres cobra o paradeiro de desaparecidos políticos e a punição dos envolvidos em tortura e assassinatos durante o período. Dilma disse se sentir em um momento especial na Argentina e afirmou que os dois países vão aprofundar vínculos para construir um mundo melhor na região.
"Compartilhamos com ela a história de seu país, ela que foi vítima da ditadura militar brasileira e sabe o que fala quando o tema é direitos humanos. Dilma fez a gentileza de pedir o encontro e compartilhamos com ela nossas histórias de vida, de luta, de busca da verdade", disse Estela.
Ao ser questionada se o Brasil deveria seguir o modelo de política de direitos humanos da Argentina, que está julgando e punindo os militares envolvidos em desaparecimentos e assassinatos durante a ditadura militar, ela respondeu que cada país deve seguir seu ritmo.
Estela é uma das avós que, há 33 anos, buscam notícias do neto, desde que a filha dela, Laura, foi presa por militares quando estava grávida. Ao nascer, o bebê foi separado da mãe e, pouco tempo depois, já em liberdade, Laura foi assassinada.
O encontro com as mães e avós da Praça de Maio foi pedido por Dilma Roussef, que se mostrou satisfeita e agradecida pelo encontro. As mães e avós da Praça de Maio entregaram à presidente brasileira livros, documentos, cartas e até mesmo um lenço branco, símbolo das mães de vítimas da ditadura argentina 1976-1983) durante reunião na Casa Rosada.
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