Passageiros de voo argentino decolado por modelo querem indenização
RODRIGO CAVALHEIRO, CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES - O ESTADO DE S. PAULO
27 Junho 2015 | 14h 10
Pilotos da Aerolíneas e atriz foram indiciados e podem pegar até 8 anos de prisão
Pelo menos 11 dos 36 que viajavam de Buenos para Rosario na segunda-feira, 22, recorreram, segundo o jornal Clarín, ao advogado Gregorio Dalbon para iniciar uma ação contra a empresa, que demitiu imediatamente os pilotos após o vídeo ser divulgado na noite de quinta-feira, 25, e tornar-se um viral nas redes sociais argentinas.
Ao admitir que os pilotos colocaram em risco a segurança dos passageiros, o presidente da Aerolíneas, Mariano Recalde, deu argumentos à ação contra a companhia. Na sexta-feira, 26, os pilotos e a modelo Vicky Xipolitakis foram indiciados por “atentar contra a segurança de aeronave”. A denúncia foi apresentada pela própria companhia Austral, operada pela Aerolíneas.
A modelo, atriz e bailarina, conhecida no país pela presença frequente em revistas masculinas, sob apelido de “A Grega”, também foi denunciada. Ela disse em sua conta no Twitter não saber que a cabine era um local proibido. “E quem sabia não me avisou”, argumentou a modelo, que por cinco anos estará proibida de voar na companhia. O caso está nas mãos da Justiça Federal e a pena vai de 2 a 8 anos de prisão.
No vídeo, Victoria agradece a acolhida na cabine e ressalta o fato de ter sido tratada “como uma piloto mais”, recebendo chá das aeromoças. No começo da decolagem, em pé, Victoria acelera o avião e os pilotos concluem a manobra. Rindo, diz ter medo, pergunta se é seguro o que estão fazendo e cogita a possibilidade e de ser presa. Diante da chance de o grupo ser flagrado, um dos pilotos responde "se me afundo, vou com você". "Então você quer me levar com você?", ela responde. "Isso desde que você entrou no avião", conclui o piloto.
Na rede social Twitter, o vídeo de 8 minutos foi o mais visto e comentado da semana, sob a hashtag #elvuelodelescandalo. “Foi um papelão. Uma mulher com alguns atributos físicos os colocou em uma situação de estúpidos”, disse na sexta-feira o chefe do gabinete de ministros, Aníbal Fernandez, que normalmente fala em nome do governo. O caso tem desdobramentos políticos.
O presidente da Aerolíneas, Mariano Recalde, é candidato a prefeito de Buenos Aires pelo kirchnerismo. Ele disse inicialmente “preferir não acreditar” em uma armação para prejudicar sua campanha, que foi interrompida pelo escândalo. Na noite de sexta-feira, mudou o tom, insinuando que o vídeo poderia ter objetivos políticos. Ele tem chances remotas de derrotar o candidato da direita Horacio Larreta, apadrinhado do atual prefeito e candidato à presidência Mauricio Macri. A eleição municipal será no próximo domingo, 5.
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