domingo, 23 de outubro de 2011

Argentinos vão às urnas em eleição marcada por favoritismo de Cristina

Presidente venceu eleições primárias, em agosto, com 50,4% dos votos.

Opositores buscam 2º lugar e limitar bancada governista no Congresso.

Amauri ArraisDo G1, em Buenos Aires

header eleições argentina novo (Foto: Arte G1)
Quase 29 milhões de argentinos vão às urnas neste domingo (23) para escolher um novo presidente numa eleição com poucas expectativas em relação ao resultado: todas as pesquisas de intenção de voto apontam a reeleição da atual mandatária, Cristina Kirchner, ainda no primeiro turno.

A primeira mulher eleita presidente no país já havia vencido as inéditas reeleições primárias realizadas no país em 14 de agosto, com 50,4% dos votos, 38 pontos à frente do deputado Ricardo Alfonsín, da União Cívica Radical, o segundo mais votado.

Sem nenhum ato público realizado desde então, a presidente encerrou sua campanha na última quarta em Buenos Aires, um dia antes do permitido pela lei, em um teatro fechado apenas para convidados.
Argentinos vão às urnas em eleição marcada por favoritismo de Cristina. (Foto: Editoria de Arte/G1)
Cercada de militantes peronistas, a presidente repetiu em um discurso emocionado alguns dos temas que analistas apontam como chave da campanha vitoriosa. Mencionou várias vezes o marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, morto há um ano; citou números da recuperação da economia; conclamou para um governo de união, estendo a mão a sindicalistas e ruralistas, setores com os quais teve enfrentamentos durante o mandato.

Cristina também dividiu o palco com beneficiados pelos programas sociais do governo, outro trunfo da campanha kirchnerista apontado por analistas, em meio a uma inflação que o órgão do governo, Indec, afirma ser de 10%, mas que consultorias independentes avaliam em 25% ao ano.

OposiçãoSem muitas perspectivas, os principais candidatos da oposição disputam o segundo lugar e passaram a mirar o Legislativo, na tentativa de limitar o poder da presidente de aprovar leis ou mudar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato –como fez seu marido Kirchner quando era governador da província de Santa Cruz.

Em sua última propaganda eleitoral na TV, Ricardo Alfonsín, que é neto do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989), chegou a admitir que Cristina provavelmente será reeleita e disse à presidente que não permitirá que haja mudanças na Constituição.

Já o socialista Hermes Binner, uma das únicas surpresas desta campanha por ter chegado ao segundo lugar na corrida, segundo as pesquisas, afirmou que vai “se opor” a uma eventual iniciativa de reformar a Constituição, que classificou como “imoral”.

SegurançaOs argentinos também vão votar para governador em 9 das 24 províncias e renovar um metade da Câmara (130 deputados ) e um terço do Senado (24 senadores).

Um total de 87.646 homens das três Forças Armadas e polícia foram mobilizados para fazer a segurança durante o dia de votação, segundo a Direção Nacional Eleitoral, órgão do Ministério do Interior responsável pela eleição.

A segurança preocupa as autoridades argentinas diante do número de casos de violência registrados na última semana de campanha. Nesta quinta, um candidato a prefeito pela União Cívica Radical em Caleta Olivia, na província de Santa Cruz, denunciou um ataque a tiros a sua casa. Em Ingienero Juárez, Formosa, outro candidato a prefeito, o socialista Carlos Maldonato, foi agredido por um grupo de pessoas.


Na quinta, grupos de militantes que distribuíam material de campanha da União para o Desenvolvimento Social e da Frente Amplo Progressista sofreram ataques nas cidades de Esteban Escheverría e Mar del Plata, respectivamente.


ExpectativaSem muitas expectativas com relação ao resultado das urnas, os principais candidatos reduziram os atos programados durante a campanha às eleições primárias. Cristina Kirchner viajou com a família a Río Gallegos, seu reduto político, onde deve votar na manhã deste domingo antes de retornar a Buenos Aires, onde aguardará a apuração.


O socialista também viajou a Rosario, onde deve votar nesta manhã. Já Ricardo Alfonsín votará em Chascomús, sua cidade natal, e deve acompanhar a apuração no seu escritório, no centro de Buenos Aires.


As urnas ficarão abertas das 8h às 18h. Os primeiros resultados serão divulgados às 21h locais (22h de Brasília). O presidente eleito deve tomar posse no dia 10 de dezembro.

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