sábado, 5 de setembro de 2009

Contra Maradona, Dunga tenta revidar Copa de 90

PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo, em Rosário

Em 1990, na Copa do Mundo da Itália, Maradona foi o grande responsável por fazer o então volante Dunga batizar um momento tenebroso da história da seleção brasileira.

Hoje, em Rosário, pelas eliminatórias para a Copa de 2010, o agora técnico tem uma chance única de revanche.

Se a sua equipe vencer na casa da arquirrival, a Argentina estará muito perto de fazer da "era Maradona" como treinador um dos capítulos mais nebulosos de sua história.

Realidade semelhante à que enfrentaram os brasileiros há 19 anos, quando Maradona passou como quis por Dunga e lançou Caniggia, que marcou o gol da eliminação do Brasil.

A queda argentina não ficará marcada apelas pela situação delicada no classificatório --pode terminar a rodada fora da zona de classificação, com só três partidas para o final.

Com Maradona, a seleção argentina levou seis gols da Bolívia, só somou pontos nas eliminatórias em casa e é hoje apenas a oitava colocada no ranking da Fifa. Se seguir assim, será sua pior posição ao final de uma temporada na década.

As convocações do treinador são caóticas. Em menos de um ano no emprego, já chamou mais de 50 jogadores (são 29 apenas para o jogo de hoje).

Também não foi capaz de definir um esquema tático. Já discutiu com o astro Riquelme e entrou em choque com os torcedores de Buenos Aires ao levar o jogo de hoje para Rosario.

Os jogadores brasileiros se cercam de cuidados nas declarações para não melindrar os rivais, mas ontem, já na cidade da partida, reconheceram as dificuldades dos argentinos.

"Eles estão desesperados pela vitória", afirmou o volante Felipe Melo, recentemente muito elogiado por Maradona.

O goleiro Júlio César disse que, na função de técnico, Dunga, campeão da Copa América, da Copa das Confederações e líder das eliminatórias, está muito à frente do ídolo argentino.

"Futebol é resultado, e os do Dunga são muito bons. O Dunga já é respeitado como treinador, o Maradona, ainda não. Mas, pelo jogador que ele foi, só precisa de tempo para isso."

Elano, que volta ao time titular, lembrou o triunfo argentino de 1990, que marcou seu atual chefe. "O que aconteceu em 1990 ficou para trás. Podemos fazer hoje uma nova história", declarou o meia.

Além da oportunidade de colocar a Argentina nas cordas, o Brasil tem a chance de sair de Rosario com a vaga assegurada na Copa da África do Sul.

Para isso, além da vitória, precisa torcer por uma derrota do Equador contra a Colômbia.

Um triunfo ainda provocará fatos inéditos. Por eliminatórias, o Brasil nunca venceu a Argentina como visitante.

A conquista da vaga na Copa em um confronto direto diante do maior adversário também não aconteceu até hoje.

Se falhar, o Brasil terá uma nova chance de se garantir no Mundial na próxima quarta-feira, quando recebe o Chile, hoje o vice-líder, em Salvador, no novo estádio do Pituaçu.

Ingressos

O público-alvo era mais modesto, mas a venda de ingressos populares para o jogo foi muito mais calma do que a das entradas mais caras. Os 16.500 bilhetes de arquibancadas (a R$ 25 cada um) acabaram em seis horas.

A venda foi bem organizada, e as bilheterias abriram até uma hora antes do previsto. A polícia separava os torcedores em pequenos grupos para evitar aglomerações e nenhum incidente grave foi registrado.

Os cambistas, porém, já entraram em ação e pediam até R$ 1.000 por uma entrada.

ARGENTINA
Andújar; Zanetti, Sebá, Otamendi e Heinze; Mascherano, Verón, Maxi Rodríguez e Dátolo; Carlitos Tevez e Messi.
Técnico: Diego Maradona

BRASIL
Júlio César; Maicon, Lúcio, Luisão e André Santos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano.
Técnico: Dunga

Local: estádio Gigante de Arroyto, em Rosario
Horário: 21h30 (de Brasília)
Juiz: Óscar Ruiz (COL)

Nenhum comentário: