quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cúpula do Mercosul termina com assinatura de nove acordos


Foi aprovado cronograma para criação de placa comum de veículos. Discurso de Dilma focou necessidade de medidas para conter importações.
 

Crédito: Roberto Stuckert Filho/PR   
Dilma Rousseff durante almoço no Paraguai

A cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, terminou nesta quarta-feira (29) com a assinatura de nove acordos, entre eles um cronograma de trabalho para agilizar a produção de uma placa de veículo comum do bloco regional. O objetivo é facilitar o trânsito de cidadãos pelos quatro países-membros do grupo- Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Segundo o Itamaraty, a expectativa é iniciar os trabalhos para a “harmonização das placas automotivas” do Mercosul a partir do segundo semestre deste ano. As placas serão implementadas gradualmente pela região, sem prazo para a conclusão do projeto.

Na cúpula desta quarta foi aprovado ainda o Plano Estratégico de Ação Social do Mercosul, que estabelece políticas regionais para a redução da desigualdade social. Em seu discurso na reunião do bloco regional, a presidente Dilma Rousseff citou o programa “Brasil sem Miséria”, lançado pelo governo federal em junho, como exemplo de esforço no combate à desigualdade. Dilma destacou que o Estado deve ir atrás dos necessitados para auxiliá-los, em vez de esperar que peçam ajuda.

Hoje conseguimos detectar e dar nome e sobrenome a cada um dos mais pobres. Utilizaremos os meios mais eficientes e, ao invés do Estado brasileiro ser procurado, ele passará a procurá-los. Por isso, o Plano Estratégico de Ação Social é muito importante. Contamos com liderança do presidente do Uruguai, José Mujica, para seguirmos avançando”, disse. Nesta cúpula, a presidência rotativa do Mercosul passou do Paraguai para o Uruguai, que comandará o bloco pelos próximos seis meses.

Focem
Um outro acordo firmado entre os países-membros do bloco prevê a liberação de US$ 7,03 milhões do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) para pesquisas em biotecnologia aplicada à saúde. Os recursos viabilizarão a aquisição dos equipamentos necessários ao projeto.

O Focem é constituído por contribuições anuais dos países-membros do bloco regional, principalmente de Brasil e Argentina, maiores economias do Mercosul.

‘Mercosul industrial’
Em entrevista durante a cúpula, o secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, destacou que os Estados-membros do Mercosul definiram como prioridade do bloco incrementar a aplicação dos recursos do Focem para gerar infraestrutura e tecnologia.

Segundo ele, o objetivo é criar o “Mercosul industrial”. “Chegamos à conclusão de que é preciso criar o Mercosul industrial. Trabalhar para termos produtos de valor agregado. Para isso, Argentina e Brasil vão ajudar o Paraguai a reforçar sua infraestrutura e fortalecer o Uruguai como fornecedor de serviços”, disse.

De acordo com Teixeira, os ministros de Comércio Exterior dos países-membros do Mercosul passarão a se reunir de seis em seis meses para avaliar o andamento da meta de industrializar e modernizar a produção de bens no âmbito do bloco regional.

Importações
O secretário-executivo afirmou ainda que o bloco tentará substituir importações externas pela compra de produtos dentro do Mercosul. O objetivo é evitar a entrada na região, em excesso, de produtos vendidos por países como a China. “O que ficou claro é que o bloco precisa discutir a questão de substituir importações extra-bloco por importações intra-bloco”, disse.

O discurso da presidente Dilma Rousseff teve como foco a defesa de “mecanismos comunitários” para evitar exportações que prejudiquem os países-membros do Mercosul. “Neste momento parceiros de fora buscam vender produtos que não têm mercado nos países ricos. Precisamos desenvolver mecanismos comunitários que venham a reequilibrar a situação”, afirmou.

Segundo o Itamaraty, o Brasil propôs que os países-membros do Mercosul possam aumentar em conjunto, quando de comum acordo, as tarifas de importação de produtos de nações de fora do bloco. A medida teria o objetivo de evitar a entrada de mercadorias estrangeiras que estejam afetando negativamente a indústria interna dos países sul-americanos.

Assimetrias
Também durante a cúpula foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de elaborar um plano estratégico para reduzir as assimetrias entre os Estados que integram o Mercosul. O objetivo é dar condições para que os países menores- Paraguai e Uruguai- possam se integrar de maneira competitiva no comércio regional.

“Precisamos de justiça entre nós. Brasil não tem culpa de ser grande. A assimetria se resolve convidando muitos outros para esse baile”, disse o presidente do Uruguai, José Mujica, em entrevista após a reunião.

A cúpula decidiu ainda adotar regras que favorecem o Paraguai no processo de livre trânsito de mercadorias e meios de transporte terrestre e fluvial nos territórios dos membros do Mercosul. As regras buscam facilitar o acesso e transporte de mercadorias do Paraguai, levando em conta que o país não tem litoral marítimo.

Outra medida dos países-membros do bloco foi estender até o final de 2011 o prazo para a conclusão dos trabalhos de revisão do Protocolo de Contratações Públicas. O instrumento terá a finalidade de estimular investimentos de empresas e fornecedores de países da região.

Educação
A cúpula do bloco em Assunção também transformou em permanente o Fundo de Financiamento do Setor Educacional do Mercosul, que previa contribuições para a área de educação dos países-membros por um período de quatro anos.

Em de junho de 2010, o Brasil contribuiu com US$ 679 mil. Os recursos serão utilizados em programas de intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores.

Parlamento
Os países-membros do Mercosul também aprovaram acordo para que a eleição direta dos membros do Parlamento do bloco regional seja realizada até o dia 31 de dezembro de 2014. A escolha democrática dos parlamentares foi citada pelos presidentes de Paraguai, Uruguai e Brasil como uma medida importante para a solidez do Mercosul.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Buenos Aires volta a suspender voos por cinzas vulcânicas (Postado por Erick Oliveira)

Todos os voos internacionais e domésticos dos aeroportos de Buenos Aires, os maiores da Argentina, foram suspensos nesta quinta-feira (9) em consequência das cinzas procedentes do vulcão chileno Puyehue.
A nuvem vulcânica também atingiu o Uruguai e provocou o cancelamento da maioria dos voos do aeroporto internacional de Montevidéu.
"Todos os voos dos aeroportos Jorge Newbery (domésticos e países de fronteira) e internacional de Ezeiza foram suspensos na manhã desta quinta-feira porque a nuvem vulcânica está sobre Buenos Aires", disse uma fonte da empresa 'Aeropuertos 2000', que opera os dois terminais.
A fonte, que não soube precisar o número de voos suspensos, afirmou que a "nuvem de cinzas está a 9.000 metros de altura sobre Buenos Aires e os aviões voam a uma altura média de 10.000 metros".
Os aeroportos da Patagônia (sul) permanecem fechados desde a erupção do vulcão Puyehue, no sábado.
Na capital argentina era possível observar partículas de cinzas sobre os automóveis estacionados.
O comitê de crise formado pelas autoridades aeroportuárias, de segurança e meteorologia examinará a situação na tarde desta quinta-feira.
As cidades turísticas de Bariloche e de Villa Angostura, esta última a 40 km do vulcão chileno Puyehue, são as mais afetadas pelo fenômeno.
Empresas aéreas
Em um novo comunicado, a Aerolíneas Argentinas e sua subsidiária Austral informam que devido ao novo ingresso da nuvem vulcânica na área metropolitana decidiu suspender temporariamente as operações nesta quinta nos dois aeroportos de Buenos Aires.
A empresa indica aos passageiros que visitem o endereço na internet (www.aerolineas.com), na seção "partidas e chegadas", onde serão divulgados os novos horários dos voos.
Seguem suspensas até domingo os voos das duas aéreas na região turística de Bariloche e diversas cidades do sul do país. Os passageiros poderão utilizar suas passagens por até um ano da data de emissão sem nenhum penalidade.